Na Colômbia, o setor cafeeiro é responsável por 25% do produto interno bruto do setor agrícola e gera cerca de 2 milhões de empregos. Uma das regiões de cultivo de café mais importantes do país é Manizales, localizada no sopé do vulcão Nevado del Ruiz, no famoso eixo cafeeiro colombiano.
Essa paisagem exuberante também abriga a propriedade da família de Juan David Hurtado.
Hurtado é o fundador e gerente da Blue Bird Coffee, uma marca que cultiva e vende duas variedades altamente cobiçadas: Castillo e Gesha. Formado em engenharia, se questionou se os métodos do setor de construção poderiam impulsionar seu negócio agrícola: “Todo setor precisa encontrar respostas para as mesmas perguntas para garantir a lucratividade de um negócio. Coisas como espaço, tempo, custo e outras variáveis, como o meio ambiente.”.
Hurtado começou a incorporar esses conceitos em sua produção de café:
“Eu me baseei em coisas como aprendizado de máquina e inteligência de negócios. Basicamente, eles coletam dados, transformam-nos em informações e depois os transformam em conhecimento.”
Por mais de 40 anos, o pai de Hurtado documentou todos os dados da fazenda à mão. Literalmente, com caneta e papel. Essas informações incluíam números de produção e preços, portanto, havia muitos dados disponíveis para selecionar, analisar e digitalizar.
Digitalização de décadas de dados
A primeira digitalização foi o mapa da propriedade. O pai de Hurtado mantinha um mapa desenhado à mão no bolso, para se orientar e controlar as plantações de cada local.
Hurtado substituiu a caneta e o papel pelo Autodesk Revit e, com a ajuda de seu irmão arquiteto, fez o levantamento da topografia da propriedade de 18 acres. Com isso, identificou a altitude de cada zona e quantas horas de sol e sombra cada zona recebe.
Eles trabalharam com o Autodesk Forge para compilar os dados coletados em anotações manuscritas nas últimas quatro décadas. “As gerações mais velhas ainda têm o conhecimento agrícola, e é por isso que é importante começar com o que elas sabem”, diz Hurtado.
“Há muitas variáveis que dão sabor a cada café. Você pode beber diferentes lotes de café colombiano e descobrir que cada um tem um sabor distinto, mesmo que seja da mesma propriedade. Portanto, você também precisa conversar com outros especialistas, como agrônomos, para descobrir a maneira mais inteligente de processar esses dados.”
Combinando bancos de dados, é possível determinar se o café que tem um sabor melhor foi colhido em um lote que tinha menos sombra ou algum outro fator. Em outras palavras, essa abordagem melhora a precisão do cálculo da quantidade de produtos necessários para o trabalho na fazenda. “Por exemplo, como conheço a área e o número de árvores, posso calcular a quantidade de fungicida necessária para uma determinada área”.
Da construção ao campo
A próxima etapa foi desenvolver um aplicativo para reunir todas as informações e analisar os dados: a quantidade de café cultivada a cada semana, os números dos lotes, as imagens e a geolocalização. “Dessa forma, reunimos dados geométricos e espaciais em uma fotografia que pode ser facilmente armazenada em um celular e no aplicativo”.
“Com o Autodesk BIM 360, os dados podem ser salvos em um tablet ou celular, e o software me permite acessar o modelo da propriedade. Com o Revit, podemos identificar os melhores locais para construir determinados projetos: Por exemplo, há pontos em que é necessário muito mais sol para secar os grãos de café, que é uma das fases de produção que caracteriza o café colombiano.”
Hurtado também pode considerar variáveis como a distância entre as plantações entre as árvores e a variedade de café em cada zona, bem como a área ocupada pelas plantações. Em outras palavras, a combinação de dados de outras fontes, como meteorológicos, permite uma produção de maior qualidade.
“Todos esses dados me permitirão analisar os padrões de sol ao longo dos anos, a intensidade da chuva, a umidade relativa e até mesmo a temperatura”, diz ele. “Os dados têm que ser digitais, o que os torna uma verdadeira inovação.”
Fonte única de última geração
A próxima meta de Hurtado é obter uma interface melhor em seu aplicativo. Isso permite a obtenção de dados mais claros e fáceis de usar pelos agricultores: “o maior desafio é torná-lo mais intuitivo. Ele é usado por pessoas de diversas origens e não é apenas algo para quem trabalha com tecnologia todos os dias.”.
Além disso, considera como lidar com todos esses dados para carregá-los na nuvem, para que sua equipe possa processá-los e realizar análises relevantes. “Dessa forma, se eu estiver em Bogotá e meu pai ou outra pessoa quiser me mostrar coisas da fazenda, eles podem me enviar fotos e um registro do que está sendo feito”, diz ele.
Mas essas informações não são muito úteis se permanecerem na fazenda, portanto, o próximo nível é compartilhá-las. “Isso requer mais pessoas trabalhando no projeto para garantir um produto final melhor, com o objetivo de oferecê-lo aos agricultores a um preço razoável para gerar valor e causar um impacto ambiental e social.
“Tudo isso é simplesmente pegar algo que já existe e colocá-lo onde não estava antes”, continua ele. “A agricultura já está se movendo em uma direção diferente. Hoje, queremos ter produtos melhores e mais naturais, por isso a tecnologia é cada vez mais importante para cuidar das plantações, especialmente com questões como o aquecimento global.”
Atualmente, a Colômbia está passando por um movimento de terceira onda do café que busca produzir cafés mais exclusivos e de maior qualidade. Sem dúvida, o processo de digitalização pode ajudar a gerar misturas cada vez mais sofisticadas.
“Tudo isso também ajuda a mudar a mentalidade dos jovens para que eles não vejam mais o campo como algo chato, mas como um lugar cheio de tecnologia e oportunidades”, diz Hurtado. “Temos que começar a cultivar esse conhecimento e cuidar dele. É aí que reside nosso maior desafio.”
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Matéria da Autodesk® traduzida localizadamente. Original: “Thanks to big data in agriculture, BIM makes its way to the (coffee) farm“