De aluno a especialista, Jeferson Mateucci faz parte da rede SENAI há mais de 20 anos. Pensando em toda sua bagagem e experiência conquistadas ao longo desse tempo, conversamos com Mateucci para saber um pouco mais da sua trajetória e como conheceu a ferramenta Fusion no caminho profissional.
Antes de mais nada, precisamos explicar o que é a WorldSkills. Nas palavras do Mateucci:
“É uma congregação de países que tem um olhar para o ensino da aprendizagem ao técnico. Por exemplo, Brasil tem uma formação em curso técnico em mecânica, e a Alemanha também têm; a ideia da WorldSkills é equalizar o nível dessa formação entre esses países. Vivemos num mundo dinâmico, então existe a tendência de novas tecnologias surgirem rapidamente. Por exemplo, hoje, se fala em computação em nuvem, mas há 10 anos atrás, não! A competição é só um meio para que o país abrace as tendências e as novas tecnologias. O benefício é trazer a novidade ao país, principalmente para atender a indústria, de modo que se alinhe aos demais países.”
Para a competição internacional, que acontece a cada 2 anos, os participantes passam por uma etapa estadual e, posteriormente, a nacional, ambas organizadas pelo SENAI.
Em primeiro lugar, para “apresentar” sua trajetória acadêmica e profissional, como chegou no atual cargo de Especialista?
Eu fiz um curso de mecânica industrial no SENAI e, em paralelo, curso técnico de eletrônica numa escola particular. No período como aluno SENAI, fui convidado a participar da Olimpíada do Conhecimento (hoje, chamada de Seletivas WorldSkills Brasil), e fui campeão estadual, nacional, e por fim, participei da WorldSkills em 1995.
Um ano depois dessa competição, fui selecionado a dar aula no SENAI São Paulo, como instrutor. A minha atividade era voltada para treinamentos a empresas, na área da mecânica. Na época, também ministrava aulas de AutoCAD R13. Em 2004, passei a atuar no escritório da Olimpíada do Conhecimento do Estado de São Paulo, participando da equipe de coordenação da Competição Estadual da Olimpíada do SENAI.
Em 2007, fui convidado a participar como intérprete na WorldSkills internacional e já em 2011, passei a atuar como delegado técnico-assistente da delegação brasileira na WorldSkills Internacional. Então, desde 2004 em São Paulo, estive atuando nessa área de competições, promovendo a Olimpíada Estadual de São Paulo e sendo co-responsável pela delegação de SP na competição nacional.
A partir de 2013, realizei processo seletivo para trabalhar numa atividade similar, mas já no departamento nacional do SENAI. E, hoje, pelo aprendizado e tempo de experiência, estou responsável pela coordenação das competições a nível nacional de formação profissional e estou como Delegado Técnico junto à organização internacional, representando a equipe do Brasil lá na WorldSkills Internacional
Resumindo, iniciei no SENAI como aluno, participei da competição e, hoje, atuo como coordenador das competições. Inclusive, esse ano, em Lyon, na competição internacional que haverá lá, completo 29 anos, desde a minha participação como competidor, mas agora, com uma nova responsabilidade. Será bem especial.
Quanto à minha formação, sou formado em pedagogia, tenho especialização na área de engenharia de produção e engenharia mecânica (conformação de metais). Pós graduado em Especialização em Educação Profissional e Tecnológica, e estou finalizando uma outra pós em Smart Factory – Indústria 4.0.
Desse modo, o que levou a fazer os cursos de mecânica e eletrônica?
Sempre gostei de criar e consertar “coisas”. Antes de ingressar no SENAI, eu desmontava objetos em casa e tentava consertar.
Quando ingressei no SENAI, entrei como menor aprendiz e, na época, até queria fazer um curso de eletricista, mas só tinha vaga para mecânica. E acabei me apaixonando pela mecânica. Tanto que minha carreira pós curso foi voltada para essa área, de engenharia. Meu pai me incentivou bastante também. E na área da mecânica é um dom que tenho.
Agora, quanto aos softwares da Autodesk. Chegou a conhecer algum nesse processo?
Sou usuário do AutoCAD, mas já não trabalho tão a fundo como no passado.
Fiz curso no Inventor também, na época era Inventor 7. Isso me deu base e, quando conheci o Fusion, pensei ‘ele tem a cara do Inventor’. Isso foi em uma capacitação que participei no SENAI. Sou curioso, gosto de aprender, e fez parte para depois me especializar.
Nesse sentido, queríamos falar especificamente do Fusion, por ser mais popular. O que achou?
Ele é bem intuitivo para trabalhar e fazer as modelagens.
O interessante no Fusion, até por ter sido aluno na área de mecânica, é conhecer o trabalho na modelagem 3D e entender o funcionamento. Para quem não conhece desenho técnico muito a fundo, é muito mais palpável você observar o todo e depois reverter para o 2D, que é do desenho técnico. Uma ferramenta excelente para trabalhar primeiro com a modelagem e converter em 2D de forma mais lúdica.
Mas o que mais me chamou atenção é o fato de ter várias saídas. Eu não preciso ter um outro software para gerar arquivo para uma impressora 3D. Ele já tem essa funcionalidade incorporada. O mesmo acontece para Máquinas CNC.
Dessa forma, eu não preciso ter um software para CAM e um para impressão 3D. Em um único software, eu tenho ambos, para a saída que eu quiser.
É possível fazer testes de análise também, de comportamento. Você pode testar o material do que está projetando. Pode fazer o ajuste na própria modelagem. E tem a engenharia generativa: por exemplo, tenho 2 peças e preciso criar uma comunicação/uma peça entre elas; o Fusion faz análise e todo o processo de criação e mostra qual é a melhor solução.
Com relação à quando começou a estudar mecânica, qual mudança é mais “gritante” no setor?
O que mais se popularizou foi o CNC, na parte de programação. Na época que estudei, já existia, e Brasil estava começando a demandar mais, mas não era tão popular. Tanto que, na época, era comum transformar uma máquina convencional em automática.
Mas, mais interessante é a vinculação da mecânica com a mecatrônica. Geralmente, para a máquina CNC realizar uma produção, depende de um profissional para colocar e tirar a peça lá de dentro. Hoje, existe uma robotização. Essa automação tem acontecido de forma rápida, e tem dado outro patamar para a mecanização nas áreas de engenharias.
Na minha visão, foi muito rápido. Principalmente agora com a inteligência artificial, pensando na indústria 4.0 que integra tudo em um ambiente só.
Hoje, o profissional pode ser um engenheiro mecânico, mas precisa ter conhecimentos básicos em TI, em automação. Não é ser especialista, mas é demandado ter alguns conhecimentos de base, porque está tudo vinculado.
A tecnologia tem habilitado isso na indústria. Eu sou do tempo em fazer desenho na prancheta durante a aula. Não existe mais isso. É uma evolução.
Você comentou de automação. A princípio, quanto se ganha com a tecnologia?
Um profissional que trabalha com ferramentas de desenho técnico, como CAD e Fusion, imagino que o tempo de produção tenha se reduzido a um décimo do tempo. Estou citando um décimo, mas pode ser até menos, dependendo da complexidade.
Imagina errar o desenho, ter que apagar linha por linha. Imagina a complexidade de projetar uma máquina. Hoje, o software te dá possiblidade de ter várias peças, e de ter uma percepção mais rápida se vai encaixar uma na outra. Imagina agora isso no papel, umas 100 folhas por exemplo, uma para cada peça, fora o desenho por completo com todas elas montadas. Com o software, está tudo num mesmo ambiente e mais fácil de manejar.
Pela sua explicação, metalmecânica engloba metalurgia (união de peças, solda, moldes) e mecânica (usinagem, produção, projeto). Dessa forma, você vê aderência do Fusion?
Total. Tem toda uma questão matemática. Por exemplo, para produzir uma caixa em chapa de metal, tem que considerar espessura do material, onde será a dobra, os pontos de solda e qual o tipo de solda.
O Fusion tem ferramentas que permitem inserir as informações de forma simples para que ele mesmo produza os cálculos. Na parte de dobras, por exemplo, ele ajuda a fazer o cálculo. Antes, eu tinha que fazer manualmente, para saber o tamanho e comprimento da chapa, considerando todas as dobras necessárias. O Fusion já faz o cálculo. E eu só preciso desenhar o produto na forma final.
Outro exemplo: quero fazer uma peça hexagonal 3D, em chapa de metal. Como vou recortar essa chapa que é plana? Então, eu faço o desenho 3D, e o Fusion gera a planificação de como devo cortar para, depois dobrar e finalizar a peça. Reduz o tempo.
Atualmente, Jeferson Mateucci é Especialista de Desenvolvimento Industrial no SENAI (Departamento Nacional), e Delegado Técnico na competição WorldSkills.
Se ficou interessado em conhecer mais o software Fusion, nosso especialista está à disposição para conversar com você ou só para ilustrar!