De RH à movelaria: conheça a história da Tamires Oliveira

Em uma pesquisa realizada com 240 tomadores de decisão, evidenciou-se que as mulheres terão um papel mais influente na indústria para os próximos cinco anos.

Intitulado “Manufatura – Tendências Globais de RH 2023”, o relatório mostra que as empresas preveem a possibilidade de mais contratações de profissionais do gênero feminino motivado, principalmente, por uma mudança de mentalidade (39%).

Enquanto isso, 35% acreditam nessa motivação por mais mulheres terem habilidades em STEM. 26%, que as novas tecnologias vão mudar a maneira de trabalhar, e 21% que a implementação de tecnologias 4.0 vai impulsionar essa alta.

Em outras palavras, a Indústria 4.0 pode ser uma grande aliada para o aumento da representatividade feminina no setor brasileiro. Inclusive, o Brasil destaca-se com o maior percentual de empresas que acreditam, de fato, nesse avanço.

Para ilustrar bem esse cenário, conversamos com a Tamires Oliveira. Aos 35 anos, mãe solo, ela atuava na área de RH quando descobriu uma nova paixão: projetos de móveis.

Conhecemos a Tamires na apresentação de projetos do curso técnico de movelaria, em dezembro do ano passado, no SENAI Almirante Tamandaré.

Confira a história abaixo!


Para começar, preciso perguntar: por que escolheu a movelaria?

Eu trabalhei 4 anos nas Casas Bahia, e teve aquela migração, que o Grupo Pão de Açúcar comprou. Teve alguns desligamentos de funcionários que já estavam há algum tempo, e eu fui uma dessas pessoas. Então, me vi no mercado de trabalho.

Consegui um trabalho numa loja de roupa, e o dono tinha uma marcenaria. Ele me chamou para trabalhar na parte administrativa dessa marcenaria. Lá, comecei a me envolver nos projetos.

Um funcionário falou ‘Ó, Tamires, tem um aplicativo que eu faço uns projetos de cozinha, quer ver?’. Fiquei interessada, ele me mostrou, mas eu não entendia nada. Não sabia o que era medida, não entendia de milímetro, não sabia usar uma trena. Às vezes até confundia parte de polegada e de centímetro [riu]. E eu gostei muito dessa parte de projetar.

E eu perguntava tudo para um marceneiro que trabalhava lá há 40 anos. Acaba ficando mais atrás dele, do que no escritório. Aí, comecei a fazer os projetos, porque o funcionário saiu. Usava o aplicativo, desses bem simples, só de fazer cozinha. Mas, acabei fazendo de quarto, sala. Pegava madeira por madeira e ia montando, porque era pelo celular apenas.

Até que passei pelo SENAI e vi o curso. Como eu queria me aprofundar mais no projeto, me indicaram o técnico, e eu ainda ia aprender a mexer em todas aquelas máquinas na oficina.

Pela forma que contou, o aplicativo demandava muito tempo. Sei que você conheceu o Autodesk Fusion™ no curso de movelaria. Você sentiu diferença? Como foi esse processo?

No começo, eu ficava deslumbrada. Eu falava ‘Meu Deus, dá para fazer isso aqui!’. Coisas que eu calculava na mão, para saber onde colocar, eu aprendi a fazer ali.

Uma das características que eu mais gosto no Fusion é que consigo colocar as furações. E ele também tem a opção de renderizar. Já fiz projeto de balcão de loja, justamente porque o Fusion mostra no que estou errando, na parte de simulação. Então, se não encaixa ali, significa que não vai encaixar na vida real. É incrível!

No curso técnico, a gente fez uma cadeira de balanço. Primeiro, a gente modelou no Fusion em miniatura, depois colocou numa impressão 3D. Se desse errado no software, se fosse fazer na CNC, por exemplo, também não ia dar certo. Fizemos o protótipo nele.

Protótipo impresso feito no Fusion (amarelo) x móvel em tamanho real. Imagem: Colmaker

Então, você teve uma economia de tempo absurda, certo?

Depois de um tempo, peguei prática. Pelo aplicativo, eu demoraria um dia, até um dia e meio para finalizar o projeto. No Fusion, fiz em 3 horas parando, porque fiz uma pausa para o café [riu].

E economia de gasto? Sentiu essa diferença também?

Com certeza! Tendo a simulação e pré-visualização para não ter erro, economiza material. Chapa de MDF, por exemplo, é caro. Ainda mais dependendo da cor.

Hoje, formada no curso técnico, ainda atua na marcenaria que influenciou a seguir esse caminho?

Não. Hoje, eu faço meus projetos. Sou MEI.

Tem cliente que solicita um projeto para enviar para a fábrica produzir. Uso o Fusion, porque supre a necessidade de colocar as furações, dobradiças, corrediças. Consigo colocar tudo lá, e quando a pessoa mandar para produção, já vai estar tudo calculado.

Hoje, eu não produzo. Inclusive, eu pedi uma oportunidade em uma outra marcenaria em São Caetano, para trabalhar um pouco no dia a dia. Fiquei lá 3 meses e trabalhei pegando chapa. Eu usava seccionadora, cortava 60/70 por dia, por não ter muita experiência.

Foi uma fase difícil, porque acabei esquecendo da vaidade. Não dava para fazer unha, cabelo. Era o tempo todo suja de pó de serra. Ao mesmo tempo, foi maravilhoso. Se você sabe produzir e montar, entende o processo, na hora de projetar consegue entender o montador. No software, quando você vai projetar, pode fazer qualquer coisa. Agora, na hora de montar, tem que ver se é possível. Então, busquei essa experiência.

Como você se sente com essa realização?

No começo, eu fiquei pensando ‘o que eu estou fazendo aqui?’. Quando a gente ingressa em algo novo, não é fácil, mas eu pensei muito.

Quando eu percebi que estava conseguindo montar e fazer os projetos para minha cartela de clientes, eu me senti realizada. Sentimento de satisfação. Sei que estou no começo, mas penso que, se estou buscando, vou colher coisas boas. Muito para conquistar ainda.

Incentivo outras mulheres, caso gostem desse setor. No curso, conheci uma mulher que o marido é marceneiro. E no início, ela dizia que tinha medo. Hoje, ela monta móveis com o ele. Temos exemplos bons dali.

Quando eu vi mais de uma mulher no curso, fiquei muito feliz. Fizemos um grupo só nosso, justamente para mostrar que somos capazes. Foi extraordinário.

O nosso projeto foi um quarto. Nas decorações da parede, o estrado, o escorregador, a escada da beliche, bastante coisa foi feita no Fusion por nós.

Projeto final desenvolvido e criado pelo grupo da Tamires, no curso técnico de movelaria. Imagem: Colmaker

Pelo pouco que contou, o mercado da movelaria aparenta ter um outro olhar pelo seu gênero. Você sentiu alguma dificuldade?

Tive contato com um marceneiro que fazia projeto só daquelas máquinas de pegar bicho de pelúcia. E acabou entrando projeto de uma corretora, e ele pediu para participar/fazer.

Lembro que, quando fui com ele [e isso já aconteceu outras vezes comigo], eles não levaram muita credibilidade quando eu estavam falando e se viravam para o homem. Eles questionavam algumas coisas do projeto, e ele dizia ‘eu não sei, tem que falar com ela, ela que faz o projeto’. Se estou sozinha, tenho a sensação de que não levam a sério, como se eu não entendesse do assunto.

E me sentia um pouco desconfortável com “brincadeirinhas” sobre pegar cimento, chapa. Como se eu não tivesse potencial e força.

Eu tenho que ser firme. Quando eu estou trabalhando, as pessoas falam ‘nossa, Tamires, você tá séria’. E eu não sou! Mas, eu aprendi que, nesse meio, precisa ser séria. Claro que eu vou sentindo se posso me soltar mais ou não, dependendo do lugar e da pessoa, mas tive que aprender a dizer ‘não’, me posicionar, se estivesse confundindo as coisas.

Para fechar, nesse 1 ano e meio de curso, como conseguiu lidar sendo mãe solo?

Foi difícil. Meu filho percebeu e sentiu a distância. Quando eu saía, ele estava dormindo. Quando eu voltava, ele estava dormindo. Foi um ano e meio de sacrifícios, às vezes ele dizia que estava com saudades. Mas eu sempre era sincera, nossa comunicação é muito boa.

Apesar disso, ele entendia. Quando o meu filho viu minha formatura, ele disse ‘mãe, eu não posso dar menos que isso, né?’. Significou muito para mim. Se ele falou isso, mostrou que estava no caminho certo.


O empreendimento da Tamires é recente, chamado Colonna. Siga o perfil: @colonnacm.

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